terça-feira, novembro 15, 2005

Código para viver bem na maior favela da América Latina


A segurança dentro da favela
Foto e texto por Aline Massuca

Tatiana, 21 anos, estudante de Turismo, se diz feliz em viver na Rocinha e não tem vontade de mudar para outro bairro. A segurança no morro faz a jovem ter prazer em viver lá. “A Rocinha pra mim é o lugar mais seguro do Rio. Aqui eu posso chegar e sair a qualquer hora, não tem perigo. Na favela não tem assalto nem estupro”. Ela enxerga que a favela tem suas próprias leis e regras, se o morador conseguir seguí-las vive bem na comunidade

Para a jovem, o perigo está nos bairros da Zona Sul que colecionam assaltos e arrastões nas praias que são os cartões postais da cidade maravilhosa. Moradora da Rocinha desde que nasceu ela revela que nunca perdeu nenhum parente ou pessoa próxima por causa da violência ou do tráfico. Quando tem algum conflito e o “clima esquenta” na favela, os moradores ligam para parentes que estão fora e avisam para chegar mais tarde.

Cada vez que uma facção criminosa assume o controle do tráfico de drogas na favela os moradores têm que se adaptar a novas regras. “Em 2003 o Vidigal tentou invadir a Rocinha e fazia 10 minutos que eu tinha chegado em casa, o tiroteio começou. Já me acostumei”, argumenta.
"A polícia nos trata

como se fôssemos

bandidos"


Para os moradores o maior problema é lidar com os policiais e não com os traficantes.
“Outro dia estava dentro da Van na Estrada da Gávea em direção a Rocinha e o policial abordou o motorista pedindo dinheiro para tomar cerveja”, conta. Para ela, a polícia civil é mais educada e respeita mais o cidadão. “A PM nós trata como se fossemos bandidos”, revela. Segundo Tatiana, a dica para o morador ser respeitado pelo policial é sempre sair de casa com a “Bíblia”, que seriam seus documentos - carteira de identidade, CPF e carteira de trabalho.

“Alguns traficantes quando assumem o poder gostam de ostentar, essa atitude desperta a inveja e a cobiça nos outros que fazem de tudo para assumir seu lugar”. O traficante Bem-Te-Vi, morto mês passado na Rocinha durante a operação Cavalo de Tróia realizada pela Policia Civil, é um exemplo.

A descriminação e o preconceito são as únicas desvantagens que Tatiana aponta para o morador da favela. “Quando eu digo que moro na Rocinha as pessoas me olham de outro jeito”, lamenta.

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