segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Saldo do show dos Stones

Cerca de 200 registros de assalto, segundo informou a cabine da polícia e 2 pessoas esfaqueadas por assaltantes, sem falar dos casos de pessoas que passaram mal por causa do tumulto no evento. Na área vip nada de ruim aconteceu, nem sequer intoxicação por algum salgadinho bichado, pelo contrário, a mordomia rolou solta.
Não é preciso ser vidente para prever esse caos, eu alertei abaixo.

*Será que os cariocas precisam dessa ostentação? pergunto indignada.

" A carne mais barata do mercado é a carne negra..." Farofa Carioca

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Documentário sobre chacina de Nova Iguaçú choca Berlim

O cineasta Kiko Goifman está de parabéns. Apesar dos riscos que ele e sua equipe correram, o tema do documentário é a chacina da Baixada Fluminense, onde 29 pessoas foram mortas, supostamente por policiais, no dia 31 de março de 2005. Goifman, documentou o drama dos sobreviventes e familiares das vítimas, nos municípios de Queimados e Nova Iguaçú. Exibido no Festival de Berlim, o documentário "Atos dos Homens" chocou o público que, segundo o jornal O Globo, ficou indignado com o Governo Lula. A intenção do cineasta, porém, foi mostrar que no Brasil esses "esquadrões da morte"agem livremente na certeza da impunidade.

Impunidade no Brasil

Fardados ou não, os "esquadrões" são como anjos do Big Brother e parecem ter imunidade nos julgamentos. Nessa semana o ex-coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos de prisão pela morte de 111 detentos no extinto presídio Carandiru, em São Paulo, teve seu julgamento anulado pelo Tribunal de Justiça. Foi ele que ordenou a ação dos policiais no presídio, resultando no massacre dos detentos.

Segundo o jornal O Globo, o deputado disse estar tranquilo apesar do promotor público Felipe Cavalcanti anunciar que vai recorrer da decisão e lembrar que o desembargador Valter de Almeida Guilherme, que liderou o voto pela anulação do julgamento de Ubiratan, foi o mesmo que defendeu a absolvição dos PMs no caso da Favela naval.

- Tenho tranqüilidade. Consciência tranqüila é o maior julgamento da gente. Nunca me escondi e nunca fugi às minhas responsabilidades. Eu não precisava estar presente no tribunal hoje e fui. Eu estava lá também na quarta-feira passada, quando o julgamento foi adiado - afirmou.
(fonte da declaração: O Globo)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

O sustento tirado do lixo



Trabalhador da cooperativa operando a prensa

Fotos e texto: Alline Massuca


Entrevistas com catadores em cooperativa do Humaitá, Rio, em 2005.

Luiz, 34 anos, morador do morro Dona Marta em Botafogo, é catador há um ano. Antes disso, trabalhava como sorveteiro em restaurante, hoje ele vive da reciclagem e também como ajudante de obra, retirando entulho e fazendo a limpeza. Ele revela que se souber trabalhar direitinho dá pra viver somente da latinha. “ Dá pra arrumar um qualquer se souber dar valor e economizar direitinho.”
Ele não tem família, segundo ele, é um cara solteiro, que por dia arruma de 30 a 70 reais com a venda do material recolhido. “Quando a coleta ta boa é 70, quando ta ruim é 30”. Para ele os melhores dias são segundas, quartas e sextas-feiras, dias de reciclagem.


-Os restaurantes ajudam os catadores?
“ Ele não ajudam, eles negociam e vendem pra gente, a gente tem que dar um dinheiro por fora pra poder pegar a mercadoria deles, porque senão eles ficam com tudo pra eles, mas a gente conquista na conversa boa e dá um dinheiro pra eles e pega a descarga pra gente”

-Qual a maior dificuldade que você enfrenta na profissão?
“Eu acho que todo trabalho que eu tenho, eu tenho que enfrentar. Porque eu não posso ficar parado”

-Você é cooperado?
“ Eu não sou cooperado porque eu mesmo trabalho pra mim e estou levando “valor”, mas o cooperado também é a pessoa que traz a descarga só pra cá, mas como o carrinho é meu eu posso jogar a descarga pra qualquer lugar. Só que eu não traio a casa, eu trago só pra cá. Eu podia ser cooperado mas o carrinho é meu e eu posso trabalhar em qualquer lugar, mas sou um cara fiel e venho só pra cá.”

-O cooperado tem alguma garantia?
“ O cooperado tem uma garantia assim,quando ele adoece o cara sabe que ele tá doente, quando ele não vem porque não quer o cara sabe que ele tá matando o serviço.

-Então não tem garantia?
“ Não tem porque não precisa assinar carteira porque o que a gente faz é biscate, e biscate não pode assinar carteira, agora se eu tiver trabalhando na casa(cooperativa do Humaitá, onde foi feita a entrevista), mas eu trabalho pra mim.

-Neste momento a entrevista é interrompida por um dos funcionários da cooperativa.
Flávio, 27 anos, que trabalha internamente na cooperativa há seis anos recolhendo o material que chega, e diz nunca ter sido catador, se preocupa em esclarecer que o cooperado não pode ter carteira assinada. “ O cooperado é o seguinte: ele recebe a porcentagem do lucro do final do ano. É feita uma divisão desse lucro, e ele tem direito também a uniforme, tudo bonitinho. Ele é obrigado a vender. Quanto mais ele vender é melhor pra ele. Já ele( Luiz) se achar que o preço ta melhor ali na frente ele vende, ele não tem vínculo nenhum com ninguém”.


Voltando para Luiz:
-Você pode me dar uma média de quanto você ganha por mês?
“ A média, se juntar tudo mesmo, vai dar pra arrumar 700 reais. Se eu pegar o dinheiro todo que eu arranjo num mês dá pra arrastar de 700 a 800 reais. É melhor do que tá trabalhando em certas casas.”

-Você pretende largar essa profissão?
“ Ah não, o cara do restaurante já me chamou pra trabalhar mas eu não to afim de largar o meu trabalho agora pra ir trabalhar em restaurante. As “casas”(restaurantes) que eu trabalhava, eu sai tudo na confiança. A hora que quiser voltar é só pedir que eles me dão serviço, mas eu não to dependendo de trabalhar em empresa (restaurante).

-O que a sua família pensa disso?
“ A família é cada um na sua, entendeu? Se precisar eu chego na hora. Eu já fui um cara que joguei muito, perdi dinheiro a toa. Agora é só economizando, só depende de mim agora. A faca e o queijo estão na minha mão.

-Você acha que a Prefeitura pode fazer mais alguma coisa para incentivar a profissão?
“ Eu não tenho nada contra a Prefeitura, porque ela colabora muito com o meu trabalho, entendeu? Eu não posso jogar nada na rua que dá multa, mas tudo que eu levar lá pra dentro, eles não podem nem insistir que eu não posso entrar, porque se eu fizer os trabalhos bonitinho e organizar tudo eu não tenho problema com eles.”

-Qual o lugar que tem a maior concentração de latinhas?
“ Pra mim é a área de Botafogo. Eu tenho confiança de trabalhar em qualquer lugar mas a área que eu trabalho mais é aqui.

_ Em que lugar especificamente, praia, show?
“Em show não tá dando nada porque tem muito catador. Aí não dá nada pra ninguém. A latinha tá mais devagar, mais sumida porque todo mundo tá juntando.”


José Afonso durante a entrevista na Cooperativa

José Afonso Correia, 50 anos, cooperado.

_Há quanto tempo é catador?
“Oito anos”.

-Você pensa em mudar de profissão?
“Não penso em mudar de profissão. Eu sustento a minha família com as latinhas, ganho de 480 a 600 reais por mês, e por dia tiro 25, 30 Reais. Essa é uma profissão como outra qualquer, como médico, aviador e bombeiro. Eu pago meu INPS. Antes eu trabalhava no CEASA como carregador e também como gesseiro, que foi a profissão que meu pai me ensinou”.

-Qual a melhor época para o catador?
“Natal, ano novo e dia das mães, que é a época que aparece muita mercadoria”.
-Qual mercadoria dá mais dinheiro?
A latinha é o que dá mais dinheiro, mas é mais difícil.

-A Prefeitura ajuda os catadores?
“ A Prefeitura não ajuda muito a gente, os guardas municipais tratam os catadores como se fossem vagabundos, muitas vezes agredindo a gente e levando nossos carrinhos durante a noite. Depois que o César Maia entrou, as promessas que ele fez não foram cumpridas”.

*José tem quatro filhos, um menino e três meninas.Ele só concluiu o ensino primário e revela que essa é a profissão que ele mais se adaptou.


Edson, gerente da cooperativa:

_Qual a vantagem de ser cooperado?

“A vantagem é que o cooperado no final do ano participa da sobra que é uma porcentagem do lucro do ano todo”.

_Como é feita a divisão?

“Cada cooperado ganha uma porcentagem desse valor de acordo com o que ele produziu no ano. Por exemplo, o que produziu cinco mil Reais no ano, vai ter participação maior do que o que produziu duzentos Reais.”

_Ha quanto tempo existe reciclagem através das cooperativas incentivada pela Prefeitura?

“Na época do incentivo eu não estava aqui, mas ela foi organizada pelos próprios catadores e recebeu apoio da Prefeitura. A vantagem do cooperativado é que eles têm participação nas sobras do final do ano também tem um seguro de acidentes e uniforme. Tem uma assistente social que vem aqui dar apoio pra eles. Muitos tem problemas de vício, drogas e bebida. Alguns viveram muito tempo na rua, e muitos são desgarrados da família. Nós tínhamos também uma sala de aula porque muitos não tem estudo. Mas como existia uma evasão muito grande, a gente resolveu não dar continuidade e esse programa. Também são feitas palestras sobre alcoolismo e drogas pela assistente social.”

_Os restaurantes participam das reciclagens de que forma?

“Alguns entregam o material pra gente e outros negociam com os catadores no próprio restaurante e vendem pra gente. Os catadores procuram o melhor preço, porem alguns catadores são fieis.”

_Qual o preço do quilo da latinha?

“ Aqui tá três Reais”

_Qual a média de produção deles?

“Eles tiram por mês cerca de 600 Reais, mas alguns ganham mais e outros bem menos. Tem catador aqui que chega a tirar 3000 mil reais por mês enquanto outros fazem 100 Reais. Depende da força de vontade e da ambição de cada um, já que eles não têm horário nem dia estipulado. Para trabalhar só depende deles”.

Todo ano a cooperativa é obrigada a fazer assembléia para dizer como foi o ano produtivamente. Todos têm o direito de falar e qualquer catador pode ser eleito o presidente da cooperativa. “Qualquer um pode concorrer, porém, a maioria não quer essa responsabilidade.”

_Qual o percurso da latinha?

“Ela é levada para a cooperativa através do catador, é prensada e vendida para um intermediário que vende para a industria que realmente faz a reciclagem.”

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Li, não vou assistir e não gostei

Prefeitura banca show internacional para vips em Copacabana

Enquanto a população sofre com as chuvas, e o número de desabrigados aumenta no Rio, a Prefeitura gasta uma baba para trazer os Rolling Stones à cidade no sábado. Hospitais sem ar condicionado, enchentes e mais de mil casos de dengue só nesse ano não parecem ser o bastante para mobilizar o prefeito, que está preocupado em conseguir cerca de 500 urinóis que faltam para cumprir exigência do Ministério Público para o evento.

O que mais chama a atenção é o espaço destinado para os quatro mil vips, localizado em área privilegiadíssima, no gargarejo, se destaca do povão, que se acotovelará à 110 metros do palco, e irá assistir de binóculos caso queira ver Mick Jagger. O cara é tão magro que fica difícil vê-lo de perto, quanto mais dessa distância.

Na boa, por mim, eles iriam cantar em outra freguesia. Esses shows deixam a cidade um caos e só servem para o povo ser assaltado.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Hablas espanhol?


FOTO:AP/K. M. Chaudhry
Se hablas pode ler aqui a entrevista feita com o autor das 12 caricaturas mais polêmicas da história. Carsten Juste conta como surgiu a ideía e revela como está vivendo hoje depois de toda a confusão que sua "arte" gerou, e fala também sobre as ameaças que ele e os funcionários do jornal receberam. A entrevista foi retirada do jornal dinamarquês Jyllands Post. http://www.jp.dk/

Podemos refletir com a situação: até onde vai a liberdade de imprensa, será que toda essa confusão e mortes valeram a pena?


Cómo acabaron las 12 caricaturas de Mahoma en el Jyllands-Posten el 30 de septiembre del año pasado?
"La imagen pública que dibujaron algunos observadores de siniestros editores del Jyllands-Posten tramando ofender a cuantos más musulmanes fuera posible, o la afirmación de que nuestro objetivo era interferir en el debate nacional de integración, quedan muy lejos de la verdad."

"Lo que el público en general no sabe es: la persona que sugirió la idea era un periodista normal de nuestra plantilla. Circuló y fue debatida por los editores pertinentes. A todos les gustó, así que nos pusimos a la obra."

"La idea original del periodista era investigar hasta qué punto existe la autocensura en Dinamarca. Empezando por el libro infantil sobre Mahoma de Kaare Bluitgen, en el que aparentemente no se atrevía a participar abiertamente ningún ilustrador. Había otros ejemplos similares. Así fue como comenzamos. La idea era escribir a 40 ilustradores y preguntarles si dibujarían a Mahoma para su publicación en el Jyllands-Posten."

"Por eso puedo negar categóricamente cualquier sugerencia de que la intención era provocar a los musulmanes. Si queremos hablar de provocación, que, en cualquier circunstancia, no creo que existiera, entonces lo que estábamos era provocando a los ilustradores que no se atrevían a usar su libertad de expresión por temor a las represalias de musulmanes extremistas."

"Ese era nuestro objetivo: averiguar si existe la autocensura en Dinamarca en un mayor grado del que generalmente admitimos. Lo que, en mi opinión, es un proyecto periodístico perfectamente legítimo. Queríamos averiguar si los ilustradores de los periódicos daneses se atrevían o no a dibujar a Mahoma."

"Doce de los 40 ilustradores estuvieron de acuerdo. Algunos declinaron la oferta. Otros ni siquiera contestaron a nuestro desafío."

"Pensaba que los resultados que obtuvimos eran un poco flojos. El material no era lo suficientemente general. Tres de los 12 que estuvieron de acuerdo fueron nuestros propios ilustradores, ¡quienes quizás se sentían obligados! Eso significaba que realmente sólo teníamos a nueve, y algunos de ellos ni siquiera habían dibujado a Mahoma. Y de los que no respondieron, no podíamos saber sus razones. Llegado ese punto, tuve serias dudas sobre si debíamos seguir. No había una respuesta clara a la pregunta original: "¿Practican o no los ilustradores la autocensura?"

"Pero luego nuestros periodistas hicieron algunas investigaciones, consiguieron algunas respuestas y tomamos la decisión de publicar las caricaturas."

Consideró en algún momento que las caricaturas podrían ofender o insultar a personas?

"Sí. Algunos periodistas de nuestro periódico, incluidos algunos de los que escriben regularmente sobre musulmanes, inmigración e integración, nos aconsejaron que no lo hiciéramos. Fue un arduo debate. Personalmente, pensaba que las caricaturas eran inofensivas, que se ajustaban bastante a nuestra tradición danesa de la caricatura. Si alguna de las caricaturas hubiera sido más cruda, por ejemplo si un ilustrador nos hubiera presentado a Mahoma meando sobre el Corán, la hubiéramos retirado. De la misma forma que a lo largo de los años he retirado muchas caricaturas que los devotos cristianos podrían haber considerado insultantes. U otras porque eran demasiado vulgares o crudas. No me pareció que estas lo fueran y por lo tanto, seguí adelante."

Calculó la posibilidad de que alguien se pudiera ofender según los estándares normales daneses?

"Sí."

¿Discutió esto con el personal que estuviera familiarizado con el Islam, que le pudiera decir que esto significa algo diferente para los musulmanes, que cualquier representación gráfica de su profeta está prohibida?

"Sí. El hecho de que nadie ilustrase abiertamente el libro de Bluitgen nos dio una indicación. Pero no era definitivo. Algunos denominadores musulmanes permiten la representación de Mahoma. En algunos lugares, como en Irán, incluso se pueden comprar viñetas de Mahoma. Y luego estaba la cuestión: "Los musulmanes no pueden, ¿pero los no musulmanes?" No había una respuesta clara.

En el consiguiente debate público, me di cuenta de que ni Bertel Haarder, el que fue ministro de integración durante cuatro años, estaba preparado para la reacción que tuvimos."

O sea, que no lo hizo por creer que no hay límites a lo que puede hacer el Jyllands-Posten en nombre de la libertad de expresión?

"Absolutamente no. Esa no es la actitud de nuestro periódico. No es la actitud de ningún periódico. Tenemos una serie de pautas éticas que requieren que seamos considerados con otras personas, con las minorías, etc., y vimos estas caricaturas bajo esa luz. Incluso ahora, cuando veo esas caricaturas me pregunto: ¿Cómo es posible que alguien reaccione de forma tan radical a lo que a mí me parecen unas caricaturas simples, comunes e inofensivas?"

"La caricatura en la que Mahoma lleva una bomba en el turbante ha sido especialmente blanco de críticas. Pero para mí, la asociación es obvia. Es una forma de describir el problema de los terroristas islámicos fanáticos que hacen esa conexión, entre sus ataques y la religión en sí y su contenido. Eso era lo que nuestro caricaturista quería mostrar. Es un asunto común de debate: "¿Hasta que punto contribuye el Islam por sí mismo a la creación de terroristas? ¿Crea el Islam a sus propios terroristas?" Creo que es una pregunta justa. Nunca me imaginé que experimentaríamos la reacción que tuvimos."

Era la intención de las caricaturas provocar?

"No, eso nunca se nos ocurrió. Esta semana, en un debate en la radio nacional, oí al por otro lado culto Tøger Seinenfaden (editor jefe del diario danés Politiken) que seguía afirmando: que queríamos provocar por el sólo hecho de provocar. Incluso alegó que queríamos probar cual era el límite de los musulmanes. Sólo puedo decir que Tøger Seidenfaden no asiste a las reuniones editoriales del Jyllands-Posten. Me desconcierta saber de dónde saca su información."

"Nunca fue nuestro deseo insultar la fe musulmana. Repito: Si nos hubieran enviado caricaturas más crudas, las hubiéramos retirado. Como hemos dicho, es lamentable que la gente se sintiera insultada, porque esa no era nuestra intención."

Si la intención no era insultar, pero hay gente que se sintió insultada, por qué no ha dicho el Jyllands-Posten "Lo sentimos, no era nuestra intención"?

"No nos disculparemos por publicar las caricaturas porque tenemos el derecho a hacerlo. Por eso hemos dicho que si hay gente que se siente insultada, lo lamentamos. Insultar a la gente no estaba en nuestra orden del día. Pero no hay forma de que nos disculpemos por publicar las caricaturas. Si nos disculpásemos, estaríamos defraudando a las muchas generaciones que lucharon por la libertad de expresión y otros derechos civiles."

"Si dijésemos: "Lo sentimos, no deberíamos haber publicado las caricaturas", también estaríamos defraudando a los musulmanes moderados, de los que afortunadamente hay muchos, y a esos musulmanes, como Hirsi Ali, que luchan contra la represión en el mundo islámico. No haremos eso. No podemos hacerlo."

"Las reacciones han llegado en varios niveles. En Copenhague, 3000 personas se manifestaron. Eso está bien, manifestarse forma parte de la idea de la libertad de expresión, al igual que las caricaturas. Pero luego empezamos a recibir amenazas de muerte. El diputado Elsebeth Gerner Nielsen del partido social liberal trivializó públicamente esas amenazas, más o menos se rió de ellas, y del hecho de que dos jóvenes de 17 años de edad fueran arrestados por hacerlas. Lo que Gerner Nielsen debería saber es que ha habido muchas, muchas más amenazas de muerte que las dos que salieron a la luz. Amenazas que la policía seguramente considera mucho más serias, y que no hemos hecho públicas."

Por qué no?

"El Servicio de Inteligencia (PET) nos ha dicho que no lo hiciéramos. Amenazas desde Pakistán, ofertas de recompensas por las cabezas de los ilustradores, estos son algunos ejemplos de que las cosas están fuera de control. La información sobre las amenazas y las recompensas estuvo disponible en una página Web durante dos semanas, y yo lo supe durante dos semanas. El PET mantuvo que no había necesidad de preocuparse. Por ello el PET no se puso en contacto con los ilustradores."

El diario Jyllands-Posten tampoco se puso en contacto con ellos sobre eso?

"No, porque el PET nos dijo que no lo hiciéramos. Hay una división del trabajo. El PET se ocupa de la seguridad y bienestar de los ilustradores, no nosotros. De habernos puesto en contacto con los ilustradores nos hubiéramos equivocado."

Menciona que hay un gran número de amenazas de muerte sobre las que el Jyllands-Posten no ha informado al público. ¿Significa eso que ha seleccionado lo que el público debe saber?

"Los dos jóvenes de 17 años fueron arrestados, eso es algo que hay que contar. Pero no es necesario informar si se recibe un correo electrónico con una amenaza de muerte muy seria. Eso se envía al PET, y ellos contestan diciendo si es algo serio o no."

Así que la información que el Jyllands-Posten hace pública sobre las reacciones y amenazas depende de lo que la policía y el PET digan.

"Lo mires como lo mires, cuando tu empresa se encuentra en esta situación, es necesario cooperar con las personas que están ahí para proteger a la empresa y a sus trabajadores. Esa es la labor de la policía. Ellos aconsejan y tú escuchas sus consejos. Por supuesto que lo haces, para poder dar a tus trabajadores la máxima protección. Eso también implica procedimientos de vigilancia sobre los que se debe ser discreto. Para un periodista es una situación peculiar. Es algo que hay que aceptar, porque la vida y bienestar de los trabajadores tiene que ser la prioridad."

Cómo vio los diferentes tipos de reacciones a las caricaturas?

"Me pareció que las protestas realizadas por los 11 embajadores eran algo positivo para nosotros. Ayudaron a liberar alguna tensión acumulada. Los elementos más furiosos, a los que se podía imaginar intentando tomar medidas contra el Jyllands-Posten, podían haberse tranquilizado un poco al ver que se estaban realizando protestas a través de los canales oficiales."

"Los 11 embajadores demostraron que hay niveles más profundos en este asunto, niveles en los que hay un choque de culturas. Los países que representaban los embajadores tienen claramente una concepción diferente a la nuestra sobre la libertad de expresión y lo que significa."

"Ese es el siguiente nivel. Un asunto comienza de forma trivial, pero al igual que muchas otras cosas en el negocio periodístico, luego adquiere vida propia: se toma una decisión cuando perfectamente podría haberse tomado otra. En realidad, de la misma forma que realicé el proyecto de las caricaturas podría haberlo parado basándome en las reservas periodísticas que mencioné antes. Y de esa forma creamos más o menos casualmente esta situación."

"Luego, de repente, se hace más significativa porque comienza a tratar algunos principios importantes, la libertad de expresión frente a la religión. En los países donde están habiendo protestas, sienten que la religión va por delante de la libertad de expresión. En Dinamarca naturalmente no pensamos así."

"El hecho de que los embajadores se involucraran en los asuntos daneses también es algo totalmente inaudito. El que quieran que el primer ministro danés tome medidas contra el periódico es una muestra para muchas personas, excepto para Tøger Seidenfaden y algunos otros, de que está en juego algo más importante."

"Cuando el debate se convierte en un asunto de principios, los puntos de vista se afilan, se agudizan y decimos: "No queda ninguna duda de que nuestro periódico tiene el derecho a publicar las caricaturas." Ahora ya no se trata de las 12 caricaturas, sino que se ha elevado a otro nivel y se ha convertido en una batalla de principios. Independientemente de la razón original para publicar las caricaturas, se puede decir que, en retrospectiva, las reacciones posteriores la justifican."

Esto significa que va a haber más o menos caricaturas de Mahoma en los medios de comunicación daneses?

"No creo que vuelva a aparecer una caricatura de Mahoma en un periódico danés en los próximos 50 años. Los autocomplacientes caricaturistas del Politiken - Roald Als y Mette Dreyer - ya han afirmado que dibujarían a Mahoma si fuese pertinente. Espero con ansia verles hacerlo, existen muchas situaciones pertinentes."

Va a publicar el Jyllands-Posten más caricaturas de Mahoma?

"Creo que deberíamos tomarnos un descanso. De hecho, hoy hemos publicado una, una caricatura estadounidense, que puede o no representar a Mahoma."

Cómo se siente sobre la situación que vive hoy?

"Me siento bien. Me lo estoy tomando con tranquilidad. Afortunadamente nuestro personal se mantiene unido, aunque sigue habiendo mucha discordia sobre las caricaturas. Pero también me preocupa el que la situación se esté desarrollando tan lentamente. Ocurrió lo mismo en el caso de Salman Rushdie. Pasaron seis meses desde la publicación de "Los versos satánicos" hasta que se decretó la fatwa. Quizás aquí este sucediendo lo mismo, la misma penetración lenta en las culturas y sistemas islámicos. Desafortunadamente, no creo que el asunto se haya cerrado. Debo admitir que me paso el tiempo esperando el qué ocurrirá después."

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Gugu-dadá

Parece que a moda pegou

Bebês mortos, espancados e abandonados viraram sensação na imprensa. Hoje o jornal O Globo noticiou mais um bebê abandonado, dessa vez num estacionamento de Bangu, O Dia foi além e publicou outro encontrado morto nesta manhã, boiando em rio de Realengo. A moda já chegou até na ilha de Paquetá, onde um pai é acusado de matar a filha de um ano e dois meses.

Basta um assunto ganhar espaço na nos jornais “lá de fora” para virar agenda aqui no Brasil. O milagroso caso da “menina da lagoa”, que todos estão carecas de saber, ganhou espaço nos principais jornais do mundo.

Quem parece pegar carona com essa “febre” são as mães, possíveis rejeitadas pelos big brothers da vida e adeptas do pensamento de Oscar Wilde, “falem mal, mas falem de mim”, que encontram grande visibilidade na mídia. Colocam suas “melhores roupas” para aparecerem diante das câmeras. É o caso de Simone, mãe da “menina da lagoa”, que durante depoimento na delegacia, vestia blusa colorida de paetês. Com a cara mais deslavada alegou ser inocente e na mesma frase expressou repulsa por seu bebê, possivelmente uma tentativa fracassada de aborto. “Eu não tentei matar essa droga dessa menina”, disse diante das câmeras a ignorante mulher. Depressão pós-parto: esse é o quadro clínico da hora.

Como não compro jornal, porque quase todas as páginas são preenchidas por anúncios da Casa e Vídeo, isso também revolta, leio todos pela internet. Notei que desde o caso da “menina da lagoa”, diariamente existem uma ou mais denúncias de maus tratos a crianças e bebês abandonados. Será que é preciso um milagre como o que aconteceu naquela lagoa para esse assunto ganhar espaço na mídia ou para as pessoas próximas a esses monstros que espancam e matam seus filhos denunciarem essas atrocidades?

Estamos vivendo, mais do que nunca, em um mundo sem respostas. Esse tipo de coisa não deveria estar acontecendo. Está tudo errado.